O importante éra o casar o corpo com o êmbolo
Estavamos no ano de 1968, em Março, quando iniciei a minha atividade de Enfermeiro, nos H.U.C.
Tempos de alguma dificuldade, que, comparado com os tempos de hoje, devido ao avanço da tecnologia e ainda bem, tudo facilita, parece que estavamos no 3º mundo. As seringas éram de vidro e no fim da administração do medicamento tinhamos que as lavar para serem esterilizadas num ebolidor " por água a ferver durante 10 mts." O pior éra quando os números da seringa ou do êmbolo desapareciam, tinhamos alguma dificuldade em unir os elementos, já que se esteril. várias péças e se houvesse folga entre os elemento fácilmente se depreende que haveria desperdício do medicamento, com prejuízo para o Doente.
E as agulhas que eram de metal, no fim da adm. da medicação, também tinhamos que as lavar e ver se estavam rombas, caso estivessem, havia lixa para as por de novo ao fininho "mais ao menos" e só depois é que íam a esterilizar, enfiadas numa compressa e colocadas no mesmo local das seringas. E hoje, o que é que acontece, e ainda bem, dá-se a ingeção e deita-se o material fora.
Também Há a referir que de inicio as seringas éram de bico de vidro o que originava que se partisse com alguma facilidade quer no choque com outras ou na adaptação da agulha. Só mais tarde surgiram as ser. de ponta de metal, que éram melhores e que davam para atarrachar a agulha.
As sondas que havia para cateterismo vesical éram de Béquille, borracha ou plástico, as de Foley surgirm mais tarde. Quando um Doente estava em drenagem livre tinhamos que fazer uma derivação, extenção com tubo de borracha direta, da sonda ao recipiente que ía recolher a urina. Escosado será dizer que a sonda tinha que ser presa com adesivo.
E o que dizer das compressas, agora, elas surgem-nos, já empacotadas , esterilizadas e separadas por tamanhos, e como éra naquele tempo? O Enf. Chefe todos os meses pedia ou tinha direito a certo n.º de embalagens de gase e nós no tempo livre, tinhamos que cortar a gase conforme o tamanho das compressas que pretendiamos, dobravamo-las, e por tamanhos íamo-las colocando em círculo em caixas de inox, com orifícios na parte superior que seriam fechados depois da esterilização. O tamanho das caixas dependia do das compressas. Por vezes ao abrigo da Ergoterapia "ocupação do Doente pelo trabalho" os mesmos depois de ensinados é que faziam esse trabalho.
E o que dizer das camas dos Doentes, éram simples, de ferro, algumas éram divãs, os colchões no principio éram de palha depois começaram aparecer os de esponja.
Tanta coisa que havia para contar, toda uma vivencia de quase 38 anos de atividade profissional, tanta situação dificil mas que era recompensada com o salvamento , as melhoras ou no mínimo com o atenuar do sofrimento.
Não posso de maneira nenhuma esquecer os heróis, porque para mim o são, todos aqueles que éram sujeitos a tratamento de quimioterapia ou outro tratamento a tumor. Tanto sofrimento e... por vezes para nada mas, e, felízmente algumas vezes um sorriso nos lábios.
Para todos, nestas ou noutras condições as melhoras, e, que a ciência se desenvolva de forma a permitir a sua cura ou ainda mais a atenuação do seu sofrimento.